terça-feira, 9 de agosto de 2011

ECONOMIA COMPARTILHADA, UTOPIA OU PARCIALMENTE REALIZADE ? - Mais que Economia Solidária - Compartilhamento equânime de todos os bens e recursos conseguidos - Uma nova ética que se impõe para os relacionamentos, por opção consciente e não por tendência biológica - Por justiça e amor racional. - A humanidade está caminhando para esta forma de economia ? - Por consciência ou por necessidade ?....

Para os humanos, a economia compartilhada
 seria um super avanço....
porque os animais já a utilizam !!

ECONOMIA COMPARTILHADA - Realidade ou Utopia ?
Comunidades - Grupos - Tudo em comum - Em oposição à economia individualizada - Relação com os princípios do socialismo e comunismo - Como viviam os primeiros cristãos - Famílias - Clãs - Socialização dos recursos naturais e das potencialidades e habilidades humanas - Uma ética baseada na "justiça do amor social" - Responsabilidade pelo grupo, pela espécie humana - Todos assumem vantagens e prejuízos - Todos se assumem como integrantes de um grande indivíduo : o grupo, pequeno, médio, maior, que engloba toda a humanidade - Os estados modernos concretizam a economia compartilhada através do aumento dos benefícios sociais e da melhoria nos serviços públicos - A divisão dos bens e benefícios conquistados é feita de forma equitativa - Sem diferenciação de valores a diferentes funções ou profissões - Propriedade privada coletiva em oposição à propriedade privada individual.

                                                                                                                                                                       

"Os princípios da Economia Compartilhada foram desenvolvidos ao longo de
eras nas comunidades antigas, civilizadas ou indígenas, e provieram da
atração mística ao sobrenatural." - do autor


"Se pudéssemos voltar ao modelo de organização social do índio pré-colombiano, onde cada família ou comunidade produzia apenas para o auto-consumo, onde inexistia a ambição, o luxo e as castas sociais, todos seriam iguais, comeriam e se vestiriam da mesma forma. Este caminho, embora de dificílimo acesso e percurso, parece ser o único que pode levar a humanidade, a natureza e este planeta azul à sua salvação" !! - Do artigo de Salvador Ribeiro "Ainda há salvação para esta humanidade" ?



Luiz A. V. Spinola


A ECONOMIA COMPARTILHADA É POSSÍVEL ?

É possível a existência de uma comunidade de seres humanos baseada no compartilhamento de todos os recursos conseguidos ? Uma divisão equitativa de todos os valores monetários e bens, independentemente do quanto cada indivíduo possa contribuir ?....Isso é possível ?

Há dias venho pensando sobre este assunto, e como a mente tarda em retornar-me uma solução, coloco agora, no papel e nas letras digitadas os muitos questionamentos e proposições que naturalmente apresentam-se, esperando que, no desenvolver deste texto, muitas dúvidas possam ser aclaradas. Neste processo, a publicação certamente será de benefício para acoroçoar mentes a aperfeiçoarem a comprensão do conhecimento coletivo sobre tema tão interessante.

Momentos psicológicos de retração fazem, muitas vezes, as pessoas procurarem formas imaginativas de escape. O desejo de uma vida compartilhada parece ser um deles. De fato, uma vida em comum é um quase perfeito retorno ao estado familiar, onde e quando todos são tratados como iguais e tem suas necessidades, inclusive as afetivas, atendidas por dedicados pais ou por carinhosos irmãos e irmãs provedores.


UMA ECONOMIA PARA ALÉM DO INDIVIDUALISMO E DA "BONDADE"

Mas, então, como seria esta "sociedade utópica" ? A primeira pergunta que se faz é sobre a questão dos méritos. Seria justo um indivíduo contribuir, por ex, com quatro salários-mínimos, enquanto outro acresce ao "bolão" apenas um salário ?....Os participantes de uma sociedade igualitária teriam que elevar suas consciências para além da solidariedade. A solidariedade, na sociedade atual, pressupõe que quem a manifesta expressa uma bondade, ou quando muito uma atitude de cooperação visando o bem comum. Para a consecução de uma sociedade igualitária há que se ter, além da bondade, uma consciência interpretativa de uma nova justiça. Pode-se pensar assim : "Até hoje era justo retribuir-se com salários ou bens a cada um conforme os seus méritos e esforços". No entanto, na nova sociedade, considera-se justo, para além da bondade, dos dons, dos méritos e dos esforços, o reconhecimento e a devolução de direitos sociais, além da aceitação da responsabilidade do "indivíduo social". Depois discriminaremos mais sobre este assunto, que está ficando, por ora, muito teórico.

Afinal, como seria, na prática, uma viável sociedade que compartilhasse todas as suas entradas ?....Em um primeiro momento podemos supor que um grupo de pessoas com ideais afins, além deste - o de compartilhar valores e bens conquistados - teria mais possibilidades de sucesso. Além disto, se as pessoas e famílias deste grupo optassem por formas de vida mais simples, com certeza estariam facilitando a concretização de sua economia compartilhada.


A ÉTICA DO CRESCIMENTO EM QUALIDADE

Quando há disputa e concorrência por um lado e, por outro, esforço e apresentação de resultados, a sociedade progride rapidamente em muitos sentidos, especialmente no material.
Os indivíduos são estimulados a serem melhores a fim de ganharem melhores salários. O mundo tem evoluido desta forma, porém pode e deve ser diferente, por várias razões. Uma delas é a crescente apropriação, pelos humanos, sobre os recursos naturais. A sociedade está a evoluir, porém com quais custos ambientais ? Estes custos estão sendo pagos ? Não !! Nossa sociedade se apropria da natureza e a ela quase nada paga. Sua dívida já é incomensurável. É, pois, aconselhável que a humanidade adote uma ética de menor estímulo ao crescimento econômico e demográfico. Portanto, estimular maiores ganhos através dos muitos mecanismos da economia individualista e capitalista não é bom para o planeta terra e coloca em risco a sobrevivência de muitas espécies, além dos próprios seres humanos.

De agora em diante será melhor estimular a conquista de conhecimentos e habilidades que sejam úteis à sociedade, independentemente se os seus exercícios são bem remunerados ou não. O crescimento nesta nova era deve ser na horizontal, ou seja, em qualidade, tal como o alcance da completa justiça social e a possível harmonia com a natureza.


A ECONOMIA COMPARTILHADA, NA PRÁTICA

Embora possamos, posteriormente, imaginar variadas estruturas sociais baseadas na economia compartilhada, vamos agora nos ater àquela forma que vimos ser a mais adequada, ou seja, a de uma comunidade constituida por indivíduos portadores de ideais similares, além de serem amantes de uma vida simples.

Os ideais similares estariam, certamente, em harmonia com vontades de novas e humanas formas de convivência e com o genuíno respeito a todas as vidas e ao meio ambiente. Teorias e práticas alternativas seriam expressões deste objetivo final : uma busca da perfeita sincronização  às leis naturais e cósmicas. A vivência em ambientes simples, destituida dos excessivos atrativos tecnológicos e, principalmente, do exagerado consumismo, seria uma componente essencial ao sucesso desta almejada sociedade de economia compartilhada.

Independente de suas habilidades, aptidões, dons, dotes, propensões, estudos ou profissões, todos colocariam em um mesmo fundo todos os seus ganhos. A soma destes ganhos seria dividida igualmente pelos participantes produtivos, indiretamente produtivos e improdutivos, seja pelo retorno monetário ou pela oferta de bens e serviços necessários. Todos os que pudessem trabalhar assumiriam, como suas responsabilidades, os doentes, os adolescentes, as crianças, as grávidas, os idosos e aqueles que, por qualquer motivo, inclusive uma renitente indolência, não pudessem somar boas quantias ao "bolão de entradas".

Nesta hipotética comunidade - que estamos pensando de forma a facilitar o sucesso da economia compartilhada - o "bolão" poderá ser o lucro final de algum empreendimento em conjunto (ou empreendimentos). Se todos trabalhassem, por ex., na produção rural de mel, ou no plantio de banana e sua industrialização, seria bem mais fácil o compartilhamento de suas rendas. Todos ganhariam a mesma quantia, independente de suas funções.

No entanto, uma comunidade de ideais similares pode ter suas entradas através de diferentes maneiras : pelos trabalhos individuais de seus membros prestados à comunidade comum ; pelos resultados conseguidos em pequenas indústrias e na produção rural ; pelos ganhos com produções artísticas, intelectuais ou literárias, além de outras entradas, como as aposentadorias de alguns membros ou as rendas advindas de atividades comerciais.


AS BASES IDEOLÓGICAS

Antes de fazermos um exercício de maior detalhamento prático, vamos rever e enriquecer um pouco mais as bases ideológicas da economia compartilhada. Em primeiro lugar, a economia compartilhada, para os seres humanos, é uma opção a ser tomada. A tendênca natural entre os mamíferos é a do predomínio e da apropriação de territórios e recursos. Esta é, sem constrangimentos em reconhecer, a base econômica de nossa civilização. Entre os humanos o predomínio e a apropriação estenderam-se para o âmbito dos dotes naturais, dos dotes adquiridos e, finalmente, dos conhecimentos acumulados. Nada parece tão normal nos dias de hoje que a grande valoração da informações provenientes do conhecimento, nato ou adquirido.



QUAL DEVE SER A CONSCIÊNCIA DE UM PARTICIPANTE ?

A visão de um participante em uma sociedade de economia compartilhada tem que, necessariamente - e por adoção de uma consciência conquistada - ser uma outra visão, bem distinta do que comumente se entende. As propensões e os dons são tidos como valores doados. Mesmo a dedicação e o esforço aplicados a um estudo ou a uma profissão são vistos como dons, ou seja, tal característica - a de gostar de dedicar-se a uma pesquisa ou a um trabalho - foi-lhe concedida gratuitamente pela vida e, gratuitamente, seus resultados positivos devem ser também doados e compartilhados. A aquisição de posses advindas da ambição individual é nula, ou melhor, inexistente nos planos de ação de um consciente membro de uma comunidade de economia compartilhada. Ademais, o refinado senso de justiça do membro dita-lhe que todas as funções e graus de instrução são necessárias e imprescindíveis ao sucesso do conjunto dos empreendimentos humanos.


O PRINCÍPIO DA "ALTERIDADE"

O sentimento de um participante em um grupo de compartilhamento de recursos deve ser um inusitado sentimento humano de amor. Este amor "racional ou justo" pode ser o resultado do impulso do amor expontâneo e, especialmente, do reconhecimento da sutil justiça que deve reinar entre as relações dos seres humanos. Na opção da economia compartilhada o sentimento de solidariedade e de bondade se elevam ainda mais, para as alturas das plagas do justo amor universal. Tal amor não é "piegas" , é fruto de sua consciência ampliada, ou a consciência para além de si mesmo. Ele deixa de vivenciar apenas seus interesses pessoais para vivenciar "seus interesses individuais coletivos". Os termos atrás foram colocados entre aspas para salientar o princípio da alteridade, ou seja, a consciência de que o meu verdadeiro eu está integrado no outro e no todo, para além de mim mesmo, distribuido entre todos os outros indivíduos. Uns chamam este estado de "consciência planetária". É o estado em que as minhas conquistas (ou felicidades) e problemas (ou infelicidades) não são apenas meus, mas de todos os seres humanos. Por outro lado, as conquistas e os problemas dos outros também são os meus. Este é o princípio básico que fundamenta a economia compartilhada !


JÁ É PARCIALMENTE REALIDADE

Isto tudo parece tão utópico ? Não é, não !! As sociedades modernas experimentam, até certo ponto, a concretização destes princípios : são os programas de concessão de direitos sociais que crescentemente se contrapõem às insistentes forças neo-liberais. No Brasil, por ex., o vale transporte, o vale refeição, o salário família, os programas de melhoria dos serviços públicos e vários outros são expressões desta inexorável tendência de priorizar o social, o público, o outro, o coletivo, o que está para além de cada indivíduo. Em princípio, o estado toma riquezas dos que auferem maiores lucros e as transfere aos menos favorecidos dentro de uma sociedade que transita para uma mistura entre capitalista e socialista.
Na verdade, já vivenciamos até um certo ponto o conceito de economia compartilhada. Alguns estudiosos definem esta tendência, muito similar à Economia Compartilhada,  como Economia Social. Porquê, então, comunidades devem se excluir deste processo, que parcialmente é real e que parece tanto prometer ?


ECONOMIA COMPARTILHADA : UM MODELO PARA A SOCIEDADE FUTURA !!

Realmente, e felizmente, podemos esperar que a civilização adotará - em um futuro remoto - os princípios que embasam a economia compartilhada. Em um futuro remoto...ou mesmo não tão remoto....mas as forças reacionários são muito fortes, e com elas as mentes sonhadoras, de idealistas, não se conformam. Desejam concretizar, nesta geração - e em suas vidas - uma nova e adequada forma de convivência humana : a economia compartilhada !! Este é o principal motivo destas considerações e propostas. Sua missão é indispensável à evolução da civilização : serão os pioneiros e os modelos para uma Nova Humanidade !!

Pode continuar....

Luiz Antonio Vieira Spinola,
São Carlos, 2 de março de 2010

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